O desmatamento na Amazônia voltou a aumentar em junho, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram suprimidos 1,062 mil quilômetros quadrados de vegetação, 1,8% a mais em comparação com o mesmo período no ano passado. Os números levaram ambientalistas a reforçar críticas à ação do governo federal na região.
Números do desmatamento na Amazônia foram criricados por organizações ambientalistas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Em nota, o Greenpeace avalia que, apesar dos números crescentes, o governo insiste em manter uma operação que classifica como cara, baseada no envio de contingente militar para combate o desmatamento, com base em decretos de Garantia de Lei e Ordem (GLO). No entanto, ressalta a entidade, ao mesmo tempo, órgãos de fiscalização, como o Ibama e o ICMBio, são enfraquecidos pela atual gestão.
“Esse número só confirma que o Governo Federal, não tem capacidade de combater toda essa destruição ambiental. Enviar o exército à Amazônia, somente neste momento em que o fogo e a devastação estão, mais uma vez, avançando sobre a floresta, é uma estratégia tardia e equivocada”, declara Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace, em nota.
No comunicado, o Greenpeace também critica a discussão sobre regularização fundiária no Brasil, em curso no Congresso Nacional. De acordo com a entidade, o parlamento vem trabalhando para legalizar o que hoje é ilegal, em benefício de grileiros e contra, por exemplo, populações indígenas.
“Ao invés dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da pandemia e combater o crime que avança na floresta, e que não só queima nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas”, diz Batista.
Também em comunicado, o Observatório do Clima destaca que o resultado de junho é o quarto aumento mensal seguido no desmatamento da Amazônia. Mantido o atual ritmo, destaca a entidade, existe a possibilidade da devastação do bioma ultrapassar a marca de 10 mil quilômetros quadrados neste ano.
Na nota, o Observatório reforça as críticas à ação do governo federal. De acordo com a organização não-governamental, a administração de Jair Bolsonaro “renunciou” à obrigação de combater os crimes ambientais, promovendo que chama de desmonte da estrutura de fiscalização.
“Desde o início, o regime Bolsonaro sabota os órgãos de fiscalização ambiental e adota medidas para favorecer quem destrói nossas florestas. Os altos índices de desmatamento não ocorrem por acaso: são resultado de um projeto do governo. Bolsonaro é hoje o pior inimigo da Amazônia”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.