Volodymyr Zelensky e Donald Trump (Foto: Reuters/Brian Snyder)
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste sábado (1) que deseja que os “EUA se posicionem de forma mais firme” ao lado de seu país na guerra contra a Rússia. A declaração vem um dia após um intenso bate-boca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu vice, J.D. Vance, durante um encontro na Casa Branca. Zelensky saiu da reunião sem assinar um acordo de exploração de recursos minerais e sem garantias sobre a manutenção do apoio estadunidense no conflito com a Rússia.
Segundo o jornal O Globo, em um longo comunicado divulgado na rede social X, o líder ucraniano reforçou a necessidade do apoio estadunidense e ressaltou que não pode alterar sua posição em relação à Rússia, pois considera que o presidente Vladimir Putin iniciou o conflito ao invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022 e “desrespeitar a integridade territorial” do país.
No texto, Zelensky reforçou a necessidade de um posicionamento mais enfático dos EUA e destacou que a guerra não é apenas uma questão entre Kiev e Moscou. “Eu quero os EUA de forma mais firme de nosso lado. Esta não é uma guerra apenas entre nossos dois países; a Rússia trouxe essa guerra ao nosso território e dentro de nossas casas. Eles estão errados porque desrespeitaram nossa integridade territorial. Todos os ucranianos querem ouvir uma forte posição dos EUA do nosso lado. É compreensível que os EUA busquem um diálogo com Putin. Mas os EUA sempre falaram em ‘paz por meio da força’. E juntos podemos adotar fortes passos contra Putin”, postou.
Apesar do embate com Trump e Vance na Casa Branca, Zelensky afirmou que a parceria estratégica entre os países permanece, mas reforçou a necessidade de transparência ao ressaltar que “apesar do diálogo duro, permanecemos parceiros estratégicos. Mas precisamos ser honestos e diretos um com o outro para verdadeiramente entender nossos objetivos compartilhados.”
Na sexta-feira (28), o vice-presidente J.D. Vance acusou Zelensky de não ser grato ao presidente Trump. No comunicado deste sábado (1), o líder ucraniano iniciou seu pronunciamento agradecendo ao governo dos EUA, ao Congresso e ao povo americano pelo apoio prestado ao país desde o início da invasão russa.
“O povo americano ajudou a salvar o nosso povo. Pessoas e os direitos humanos vêm em primeiro lugar. Somos verdadeiramente gratos. Queremos apenas fortes relações com os EUA, e realmente espero que as teremos”, disse. Zelensky também afirmou que deseja o fim do conflito, assim como Trump, mas ressaltou que isso não pode ocorrer “a qualquer custo”. Ele pontuou que o acordo de recursos minerais, desejado pelo governo americano, precisa ser o primeiro passo para garantias de segurança pleiteadas por Kiev e para a “aproximação da paz”.
“Ninguém quer uma outra onda de ocupação. Se não podemos ser aceitos na Otan (aliança militar liderada pelos EUA), precisamos de alguma estrutura clara de garantias de segurança de nossos aliados nos EUA” de que Putin não vai voltar a invadir a Ucrânia no futuro.”
Zelensky afirmou ainda que a Europa está pronta para ajudar a financiar o Exército ucraniano, mas destacou que cabe aos EUA definir “o tipo, o volume e o momento das garantias de segurança”. Somente a partir dessa definição, pontuou, será possível avançar em conversas diplomáticas entre Rússia, Europa e EUA.