Devo ter metas de exercício em minutos ou passos? Estudo desvenda — Foto: Greg Rosenke/Unsplash
Com aplicativos e smartwatches, monitorar a contagem de passos durante a atividade física se tornou muito mais fácil. Mas será que contabilizar o número de passos é melhor mesmo do que apenas calcular os minutos realizados de exercício físico? Um estudo publicado na segunda-feira (20) pela revista Jama Internal Medicine mostra que, na verdade, as duas opções são igualmente benéficas para a saúde.
Tanto o acompanhamento de passos quanto o cálculo de minutos estão associados a menores riscos de doenças cardiovasculares, como também de morte precoce, segundo a pesquisa. O estudo foi realizado por pesquisadores do Brigham and Women ‘s Hospital (BWH), em Massachusetts, Estados Unidos, e de outras instituições americanas.
“Com mais pessoas usando smartwatches para medir seus passos e a saúde geral, vimos a importância de determinar como as medições baseadas em passos se comparam aos objetivos baseados no tempo em sua associação com os resultados de saúde”, diz o principal autor do estudo, Rikuta Hamaya, pesquisador da Divisão de Medicina Preventiva do BWH, em comunicado.
Para investigar o assunto, a equipe coletou dados de 14.399 mulheres que participaram do “Estudo de Saúde da Mulher” e que eram livres de doenças cardiovasculares e câncer. Entre 2011 e 2015, participantes com 62 anos de idade ou mais usaram dispositivos por sete dias consecutivos para registrar seus níveis de exercício físico, removendo o aparelho apenas para dormir ou para realizar atividades na água.
Durante esse período de pesquisa, questionários anuais foram respondidos pelas participantes e avaliados para verificar resultados — em particular, se alguém morreu por qualquer causa ou por doenças cardiovasculares. Em seguida, as mulheres foram acompanhadas pelos pesquisadores até o final de 2022.
Foi descoberto que, enquanto as participantes usavam os dispositivos, elas fizeram semanalmente em média 62 minutos (1 hora e 2 minutos) de atividade física moderada a intensa e percorriam em média 5.183 passos por dia. Durante o acompanhamento, que durou cerca de nove anos, aproximadamente 9% das integrantes faleceram e cerca de 4% desenvolveram doenças cardiovasculares.
Os mais altos níveis de atividade física — sejam esses avaliados pela contagem de passos ou pelo tempo — foram associados a um menor risco de morte ou de doenças cardiovasculares. O quarto fisicamente mais ativo das participantes teve reduções de risco de 30% a 40% em comparação com o quarto menos ativo.
Embora a medição de tempo e passos sejam úteis para retratar o estado de saúde, Hamaya explicou que cada uma tem suas vantagens e desvantagens. “Para alguns, especialmente para os mais jovens, o exercício pode envolver atividades como tênis, futebol, caminhada ou corrida, que podem ser facilmente monitoradas com passos”, ele diz. “No entanto, para outros, pode consistir em passeios de bicicleta ou natação, onde o monitoramento da duração do exercício [por minutos] é mais simples”.
A equipe observa algumas fraquezas em seu estudo, incluindo o fato de que a maioria das participantes era branca e tinha um elevado nível socioeconômico. Além disso, a pesquisa foi observacional, o que significa que as relações causais não podem ser comprovadas.
No futuro, Hamaya pretende coletar mais dados por meio de um ensaio clínico randomizado para entender melhor a relação entre saúde e o acompanhamento de exercício por passos ou tempo.