Conheça o café de Boquete, um dos mais caros do mundo

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Globo Rural

Café, produzido em Boquete, no Panamá, é reconhecido por sabor e qualidade — Foto: Creative Commoms

Assim como ocorre com as uvas que crescem em um terroir adequado, a geografia e o ambiente do local escolhido para realizar o cultivo grãos do café agregam valor e qualidade ao produto final. Foi assim que a vila Boquete, na província de Chiriqui, divisa do Panamá e Costa Rica, ganhou destaque internacional.

A variedade Geisha do tipo arábica produzida na região é considerada uma das mais caras e saborosas do mundo. Não por acaso, a vila se tornou roteiro turístico: as plantações atraem turistas dispostos a pagar até R$ 128 a xícara para experimentar esse café.

O diferencial do café de Boquete

A cerca de 1200 metros acima do mar, Boquete proporciona o ambiente ideal para o cultivo dos pés de Geisha, que necessitam de grandes altitudes para se desenvolver. O solo, rico em minerais provenientes do Vulcão Baru, considerado o ponto mais alto do país, também contribui para a qualidade.

O resultado é um café com sabor de frutas cítricas e notas aromáticas florais intensas. Além do gosto diferenciado, a própria planta possui características marcantes, como altura imponente, folhas alongadas, formato oval do grão e perfume floral intenso emanado pelas flores de Geisha.

Conheça Boquete, cidade que produz um dos cafés mais caros do mundo — Foto: Wikipedia/ Creative Commoms

Conheça Boquete, cidade que produz um dos cafés mais caros do mundo — Foto: Wikipedia/ Creative Commoms

Segundo Leo Montesanto, especialista e produtor de Geisha na região de Angelândia, em Minas Gerais, as raízes fracas não permitem alta produtividade. No entanto, essa característica aumenta a intensidade do sabor, já que há poucos frutos por roseta.

“É uma bebida muito delicada com uma coloração assemelhada ao chá. Além disso, vem acompanhada de um aroma que lembra flores de Jasmim”, conta o produtor à Globo Rural.

História

Apesar do terroir das montanhas do Panamá serem ideais para o cultivo dessa planta, o café Geisha não se originou na América Central. A espécie foi encontrada pela primeira vez na floresta Gori Gesha, na Etiópia, em 1930.

Acredita-se que o grão começou a ser exportado por volta dos anos 60. Na época, os cafeicultores locais não deram tanta atenção para a variedade. O ponto de virada aconteceu somente em 2004, quando os grãos da Hacienda La Esmeralda, da região de Boquete, participou do leilão Best of Panama.

Geisha — Foto: Creative Commoms/ Flickr
Geisha — Foto: Creative Commoms/ Flickr

O café chamou a atenção dos especialistas, sendo vendido por US$ 770 por quilograma, cerca de R$ 3.800, na cotação atual. O sabor e aroma do café Geisha foram considerados inéditos pelos jurados, e, desde então, gera encantamento e curiosidade dos amantes de cafés e baristas em todo o mundo.

Além de terem sido os pioneiros no cultivo comercial da variedade, os panamenhos são especialistas no processo de pós-colheita do Geisha.

Café Geisha no Brasil

No Brasil, ainda não há uma quantidade significativa de grãos deste tipo sendo cultivados. No entanto, o café Geisha, da Fazenda Rainha, da Orfeu Cafés, em São Sebastião da Grama (SP), alcançou um marco histórico no último ano.

Cada saca de 60 quilos foi vendida a R$ 84,5 mil no leilão do Cup of Excellence 2023. Este é o maior valor pago por um café de via seca brasileiro na história. Segundo o presidente da Orfeu, Ricardo Madureira, a quantia conquistada no evento corresponde à qualidade do tipo Geisha e ao método via seca.

Café Geisha é de origem africana, mas se desenvolveu bem nas altitudes de MG e SP — Foto: Divulgação
Café Geisha é de origem africana, mas se desenvolveu bem nas altitudes de MG e SP — Foto: Divulgação

Degustações na Europa

A partir de fevereiro, dois vencedores do Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy 2023, farão parte de degustações na Europa, que acontecerão até o fim do ano. De acordo com a empresa organizadora, Illy, será uma “viagem de descoberta pelos dois lotes de café Arábica” da Guatemala e do Brasil.

Até 29 de fevereiro de 2024, as degustações serão realizadas com o ganhador do prêmio “Coffee Lovers’ Choice” – Luis Arimany Mondonico, da Finca Danilandia, na Guatemala, selecionado por um painel de consumidores após provas às cegas feitas em vários cafés illy espalhados por diferentes cidades globais.

De outubro a novembro, as degustações serão realizadas com o grão brasileiro da fazenda São Mateus Agropecuária, vencedora do prêmio “Best of the Best”. A propriedade se destaca por atuar com práticas regenerativas na produção de café, que vão desde o uso de insumos biológicos, plantas de cobertura até gestão da água.

Os dois lotes 100% Arábica apresentam aromas e sabores diferentes entre si e serão disponibilizados para que consumidores europeus entrem em contato com os aspectos sensoriais dos grãos.

Ilustração de Angela Mckay retrata o Brasil — Foto: Divulgação
Ilustração de Angela Mckay retrata o Brasil — Foto: Divulgação

Como parte da ambientação dos eventos, as provas de café serão acompanhadas por ilustrações de Miranda Sofroniou, cujos traços icônicos, minimalistas e coloridos foram escolhidos para retratar a Guatemala, e por Angela Mckay, cujos desenhos vivos dão vida aos rostos e costumes brasileiros.

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