Cartas codificadas foram escritas por Maria da Escócia durante prisão. Foto: Wikimedia Commons/Lasry et.al
Cartas escritas em código pela rainha Maria da Escócia enquanto ela estava presa a pedido da prima, Elizabeth I, foram decifradas. O processo de decodificação dos textos foi detalhado em estudo publicado nesta quarta-feira (8) na revista Cryptologia.
Maria da Escócia, também conhecida como Maria Stuart, redigiu as 57 cartas alguns anos antes de ser decapitada, há exatos 436 anos, em 8 de fevereiro de 1587. As correspondências são endereçadas principalmente a Michel de Castelnau de Mauvissière, então embaixador francês na Inglaterra.
Por séculos, acreditou-se que o conteúdo dos textos, escritos entre 1578 e 1584, estaria perdido. Mas George Lasry, um cientista da computação, Norbert Biermann, pianista aficionado em criptologia, e o físico Satoshi Tomokiyo encontraram as cartas enquanto buscavam por arquivos online na Biblioteca Nacional da França.
O trio só descobriu que Maria da Escócia era a autora após resolver o sofisticado sistema de cifras dos textos. O catálogo da biblioteca listava os documentos desde a primeira metade do século 16, relacionados com assuntos da Itália. No entanto, os autores do estudo notaram que eles foram escritos em francês e não tinham nada a ver com o país europeu.
O trabalho de decodificação das 57 cartas revelou aproximadamente 50 novos escritos até então desconhecidos por historiadores. “Juntas, as cartas constituem um corpo volumoso de novo material primário sobre Maria Stuart – cerca de 50 mil palavras no total, lançando nova luz sobre alguns de seus anos de cativeiro na Inglaterra”, conta Lasry, em comunicado.
O cientista considera a descoberta emocionante. Segundo ele, a notável rainha deixou uma extensa quantidade de cartas mantidas em vários arquivos. No entanto, havia evidências de que outras correspondências estavam faltando nessas coleções. “As cartas que deciframos provavelmente fazem parte dessas correspondências secretas perdidas”, diz.