A estiagem prolongada levou o prefeito em exercício de Marataízes, Jaiminho Machado, a decretar situação de emergência em todo o Município. Já são quase seis meses de chuvas muito abaixo da média em toda a região Litoral Sul do Espírito Santo. Segundo o Decreto-E nº 811/2022, está autorizada a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação da Secretaria Municipal de Agricultura, Agropecuária e Abastecimento e Secretaria Municipal de Defesa Social e Segurança Patrimonial, nas ações de resposta ao desastre e reconstrução das áreas afetadas, bem como a convocação de voluntários e a realização de campanhas de arrecadação de recursos para reforçar as ações de resposta, com o objetivo de assistir à população afetada.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a média anual de precipitação na região é de 1.017,8 mm, sendo o período chuvoso entre os meses de outubro a abril, com um total de 716,8 mm neste período, o que corresponde a 74,8% do total acumulado anual. Os dados são do Município vizinho de Itapemirim, devido a não existência de uma estação meteorológica em Marataízes.
A precipitação total medida em Itapemirim no primeiro semestre de 2022 ficou 50% abaixo dos valores médios de referência das séries históricas de precipitação (1984-2014) do Município no mesmo período. Esses dados rebatidos para o município de Marataízes permitem uma análise não tão precisa sobre as condições do município, principalmente se for levado em conta ainda outras condições como o vento, e ponto de orvalho que devem ser medidos localmente para que se tenham maiores níveis de precisão quando se trata dados e condições de seca.
Considerando os dados do primeiro semestre de 2022, apenas no mês de fevereiro a precipitação medida ficou acima dos valores da média histórica mensal. No mês de março, que pertence ao período chuvoso no município, o volume de chuvas foi de apenas 17% do esperado.
Em abril a junho, as medições são ainda mais preocupantes, pois em abril as chuvas atingiram 24% do esperado, em maio 20% e em junho 14% do esperado.
Como o final período chuvoso caracteriza-se como a época de plantio para as atividades agrícolas da região, tais como, cana-de-açúcar, mandioca e abacaxi, a indisponibilidade de água neste período impacta diretamente no desenvolvimento e na produtividade não apenas no ano corrente, mas até 2025. O que agrava ainda mais a situação é que a maioria das áreas agrícolas no município não são irrigadas, dependendo ainda mais dos eventos de chuva e incidência de orvalho deste período.
Alguns impactos de curto prazo têm sido observados no meio rural em a diminuição de frutos nas lavouras de abacaxi, fazendo com que estes não alcancem padrões comerciais, falta de enraizamento dos novos plantios tanto de abacaxi quanto cana-de-açúcar e mandioca, principalmente nos cultivos não irrigados.