Bernie Sanders, senador dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, disse articular a aprovação de uma resolução no Senado americano em apoio a eleições "livres e justas" e à democracia no Brasil -que pediria também o rompimento das relações institucionais dos países caso houvesse algum golpe.
Legalmente, a resolução, chamada em inglês de Sense of the Senate [Entendimento do Senado, em tradução livre], não tem nenhum efeito prático de lei e seria apenas uma maneira de demonstrar o posicionamento da casa em relação às eleições brasileiras.
Em entrevista ao portal Politico, Sanders -que disputou as primárias democratas à presidência dos EUA com Joe Biden- afirmou que "é importante que o povo do Brasil saiba que estamos do lado deles, do lado da democracia, e que podemos ir adiante".
As preocupações do senador envolvem ataques recentes do presidente Jair Bolsonaro (PL) às urnas eletrônicas, bem como falas afirmando que "apenas Deus" poderia tirá-lo do poder.
"Seria inaceitável que os Estados Unidos reconhecessem e trabalhassem com um governo que realmente perdeu a eleição. Seria um desastre para o povo brasileiro, e enviaria uma mensagem horrível ao mundo inteiro sobre a força da democracia", disse o senador.
Bernie Sanders ressaltou que a resolução não prevê preferências no resultado do pleito e pediria apenas que a vontade popular fosse respeitada. Segundo ele, outros senadores democratas já demonstraram interesse em votar pela aprovação da medida após o retorno do recesso parlamentar, em agosto; ainda não há o mesmo apoio de republicanos.
De acordo com as regras do Senado dos EUA, o Sense of the Senate requer aprovação apenas de uma das comissões da casa, e não do plenário.
Sanders teria demonstrado interesse em acompanhar o resultado das eleições no Brasil após a visita de um grupo da sociedade civil brasileira ao seu escritório. O grupo pediu suporte internacional à democracia brasileira, diz o Politico, que conversou com uma das lideranças.
Recentemente, o governo de Joe Biden afirmou que as urnas eletrônicas do Brasil "servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo", declaração suscitada pela apresentação de Bolsonaro a embaixadores que apresentou teorias falsas sobre o sistema eleitoral.