Responsável pela decisão que colocou em liberdade o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) Ney Bello é favorito para assumir uma das vagas abertas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). As informações são da coluna de Malu Gaspar, no Globo.
Bello é um dos quatro desembargadores indicados pelo STJ para a escolha de Jair Bolsonaro, que é simpático a ele. Gilmar Mendes também seria um defensor da nomeação de Bello, a contraste do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Em agosto de 2020, Ney Bello suspendeu uma apuração aberta pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ministro da Economia, Paulo Guedes. O caso diz respeito a supostas fraudes na atuação de fundos de investimentos geridos por uma empresa de Guedes que captaram recursos milionários de fundos de pensão de estatais", escreve a jornalista.
"Pouco depois, em outra vitória do governo, Ney Bello negou o afastamento de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente por entender que a medida seria excepcional, apesar das acusações contra o gestor envolvendo o desmonte de políticas ambientais".
Desembargador também liberou madeira ilegal na Amazônia
Desembargador Ney Bello atendeu pedido de advogado amigo de Bolsonaro e liberou madeira apreendida em mega operação da Polícia Federal (Foto: REUTERS/Bruno Kelly)
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Federal Regional da 1ª Região (TRF-1), que hoje (23) mandou soltar o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e os outros dois pastores suspeitos de operar esquema de desvios de recursos do MEC, é próximo do governo. Em janeiro, acolheu pedido do advogado Frederick Wassef e liberou madeira ilegal extraída na Amazônia.
O magistrado concedeu liminar a Wassef, amigo da família Bolsonaro, que defendia uma das empresas acusadas de grilagem e extração ilegal de madeira. Antes, Bello já havia determinado a devolução das madeiras apreendidas de outras seis empresas também tidas como suspeitas.
A apreensão foi feita no âmbito da operação Handroanthus. Foram cerca de 226 mil metros cúbicos de madeira, que corresponde a aproximadamente 43,7 mil toras. Um valor estimado em quase R$ 130 milhões.
Na época os fazendeiros acusados acionaram o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “para resolver o problema“. Foi a partir de quando o ex-ministro passou a atuar em defesa das empresas e cavou sua cova no governo.
Cotado para uma das vagas abertas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desembargador Ney Bello teve outra decisões polêmica, além da que atendeu Milton Ribeiro. Revogou em maio de 2021 a última prisão preventiva decretada contra o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ). A cautelar decretada em 2017 era o único empecilho que impedia o ex-parlamentar de responder aos processos em liberdade.
Além disso, ele suspendeu investigações abertas pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar supostos prejuízos em fundos de pensão por uma gestora de investimentos administrada por Paulo Guedes.
O juiz federal substituto Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, apontou a existência de um “gabinete paralelo” instalado no Ministério da Educação. E também o risco de destruição de provas ao justificar a prisão preventiva do ex-ministro.