Da Califórnia (Estados Unidos) a Copenhagen (Dinamarca), as cidades já estão tomando medidas para permanecer acima do nível da água. No entanto, é preciso ideias inesperadas e não-convencionais ao abordar mudanças climáticas. Isso por que, até 2050, aumento do nível do mar deve atingir cerca de meio metro e afetará 800 milhões de pessoas, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima.
Vista aérea do projeto recém-revelado para uma possível comunidade flutuante sustentável próxima à costa da principal cidade portuária da Coreia do Sul (Foto: Divulgação)
Caminhando na direção de soluções nunca antes vistas, surge o Oceanix Busan: um projeto recém-revelado de uma comunidade flutuante sustentável na costa da principal cidade portuária sul-coreana. A construção modular, assinada pelo Bjarke Ingels Group (BIG), utilizará uma ampla gama de materiais e métodos sustentáveis em um esforço para promover um habitat humano autossustentável, capaz de lidar com qualquer aumento do nível do mar. Ainda que esse breve resumo já seja de grande inovação, tem muito mais. Abaixo estão sete fatos surpreendentes sobre a primeira cidade flutuante do mundo. Confira!
1. Três plataformas, três propósitos
O projeto inicial da Oceanix Busan prevê três plataformas interligadas, conectadas à terra por pontes, cada uma com uma função distinta. A primeira serve de hospedagem, que oferece quartos com vistas panorâmicas do porto, lojas, restaurantes e outros espaços comuns. A plataforma de pesquisa apresenta um jardim com temperatura controlada, incluindo torres hidropônicas que cultivarão os alimentos da cidade flutuante. Já a terceira e última, será reservada para os habitantes em tempo integral morarem e interagirem.
Olhando da terra firme, vistas panorâmicas do porto (Foto: Divulgação)
2. Espaço para expansão
O projeto inicial da Oceanix tem área de 63 mil m², com espaço para 12 mil pessoas. Mas como foi planejada para subir com o nível do mar, sua estrutura modular pode ser aumentada para acomodar até 100 mil pessoas, divididas em 20 plataformas.
3. Construção com material sustentável
O material-chave das plataformas da Oceanix Busan – que serão ancoradas no fundo do mar – é o Biorock. Muitas vezes usado para ajudar a reparar os danos aos recifes de coral e revigorar os ecossistemas aquáticos, o Biorock absorve essencialmente minerais da água do mar para formar naturalmente um revestimento de calcário que não é apenas várias vezes mais forte que o concreto típico, mas também é autossustentável e autorreparável ao longo do tempo. Acrescente o fato de que o Biorock absorve um pouco de dióxido de carbono, e é fácil entender por que esse material tem um papel essencial no projeto.
4. A sustentabilidade encontra a circularidade
A Oceanix Busan foi projetada para não desperdiçar nada. O projeto empregará sistemas de circuito fechado que (re)colhem, filtram e reutilizam a água. Outros resíduos serão aproveitados para uso, como fertilizante agrícola e formas ecológicas de energia. As energias solar e eólica no local também permitirão a autossuficiência em relação à eletricidade, embora as plataformas estejam conectadas à rede elétrica local como backup.
O projeto modular trará uma ampla gama de edifícios que aproveitam o poder de materiais sustentáveis (Foto: Divulgação)
5. Nova cidade, nova mobilidade
Embora a conexão com terra firme garanta o acesso a uma estação de metrô, carros e trens tradicionais não serão a forma como os próprios moradores transitarão pelas plataformas. Além do movimento a pé ou de bicicleta, a Oceanix promete “mobilidade compartilhada e multimodal”, que pode incluir algo semelhante a ônibus aquáticos, como indicam as renderizações no site do projeto.
6. Partes pequenas para fazer uma cidade flutuar
A iniciativa é um esforço colaborativo. Além de trabalhar com a própria cidade de Busan, na Coreia, a ajuda para a realização do projeto veio do Programa de Assentamentos Humanos da ONU (também conhecido como UN-Habitat, que estuda cidades flutuantes desde 2019), do Bjarke Ingels Group, da subsidiária da Samsung, da Samoo Architects and Engineers e Arup. Isso sem mencionar a contribuição de especialistas aquáticos da Korea Maritime and Ocean University, do MIT Center for Ocean Engineering e da Global Coral Reef Alliance.
O projeto inicial da Oceanix ocupa 63 mil m², com espaço para 12 mil pessoas (Foto: Divulgação)
7. Não é o único projeto flutuante em andamento
Apesar de a Oceanix Busan ser atraente e inovadora, ela é apenas uma faceta de um esforço global para garantir o futuro de cidades e países à medida que o nível do mar aumenta. Em Roterdã, na Holanda, a Powerhouse Company concluiu recentemente um escritório flutuante. Nas Maldivas, onde o aumento do nível do mar representa uma verdadeira ameaça existencial para a nação insular, a construção de um projeto de cidade flutuante começará este ano.