A campanha, idealizada pela EcoRodovias, acontece nas rodovias de oito estados para impactar tanto os assediadores quanto desenvolver a autopercepção de quem está sendo violado.
A cena é comum nas rodovias. Ao chegar em uma praça de pedágio, alguns motoristas cometem crime de assédio ou injúria contra pessoas que trabalham nas cabines e nas áreas da praça. Atenta a isso, a EcoRodovias criou a campanha “Assédio, pare – Trafegue pela via do respeito!”, e a Eco101 tem aplicado ações para coibir esse tipo de abordagem.
Os relatos são constantes e muitos deles, semelhantes, como o da operadora Jessica Bergamini, que trabalha na via expressa da praça de pedágio e passou por situações de assédio enquanto realizava suas funções. “Quando um usuário para na cancela por algum problema no TAG, a gente faz a verificação antes de realizar a liberação do veículo. Nesse dia, eu estava atendendo uma pessoa e um outro motorista ficou retido na cabine automática. Foi quando ele começou a me xingar e usar termos ruins. É realmente muito triste ser desmerecida pelos outros, ainda mais enquanto está fazendo seu trabalho”, conta.
A operadora Vilmara de Oliveira também passou por algo parecido na pista de pagamento automático. “Uma vez eu estava na pista e um usuário que possui TAG para pagamento automático da tarifa não conseguiu passar, pois o dispositivo estava bloqueado. A pessoa que estava no carona do veículo se irritou e começou a falar que eu não sabia trabalhar, que a TAG estava em dia, começou a me filmar e falar para mim e para outros motoristas que eu queria pegar o dinheiro deles. Foi uma sensação muito ruim e eu pedi para minha colega continuar o atendimento, pois eu já estava sem condições. Lá mesmo no local tive apoio do meu supervisor, que conversou comigo e me acalmou”, finaliza.
Um dos pontos da campanha busca, justamente, estimular que as denúncias sejam formalizadas pelos canais corretos. É importante divulgar e falar sobre o tema, pois os assédios acontecem mesmo em ambiente público e movimentado, como uma rodovia. A operadora Ludmilla Lima passou por uma situação de racismo enquanto exercia o seu trabalho. “Era um dia tranquilo e eu estava na pista automática quando um veículo parou por estar com a TAG bloqueada para a passagem. Conforme o procedimento, fui até o veículo para verificar a situação e fazer a cobrança manual. Nesse momento, muitos motoristas buzinaram e uma pessoa que estava em um dos carros gritou: ‘você está aqui porque não estudou, né? Sua nega imbecil’. Consigo lembrar de tudo, fiquei muito triste com a fala racista, chorei muito porque estou no final da faculdade e é um desafio conciliar tudo”, conta.
A campanha é estendida para os colaboradores que trabalham nos pedágios e nas pistas por meio de treinamentos e distribuição de uma cartilha sobre assédio moral e sexual em ambiente de trabalho. O objetivo é desenvolver tanto a autopercepção de quem está sendo violado, o que muitas vezes tende a ser normalizado por questões culturais, quanto a de quem está praticando assédio. A empresa busca inibir esse tipo de comportamento e estimular que sejam feitas denúncias por meio de seu canal de ética (podendo manter o anonimato), pela ouvidoria ou diretamente ao RH.
“A nossa empresa repudia atos de assédio sexual e moral. Todo e qualquer tipo de abuso é absolutamente inaceitável, pois fere não apenas a política da empresa, mas a ética das relações. A campanha visa justamente a alertar todos – colaboradores e usuários – quanto a essas práticas criminosas e também reafirma o nosso compromisso de combater o assédio na empresa, além de estar ao lado dos colaboradores prestando todo o apoio necessário”, comenta o coordenador de Recursos Humanos da Eco101, Cristiano Tavares.