Água distribuída para consumo em Marataízes e Guarapari e em outras seis cidades capixabas apresentam substâncias bem acima da tolerância, que podem levar ao risco de câncer e outras doenças crônicas.
Quem diz isso é uma pesquisa realizada pela agência Repórter Brasil, a qual foi denominada como ‘Mapa da Água”, onde foram detectadas substâncias consideradas cancerígenas na água distribuída em 435 cidades brasileiras.
No Espírito Santo, 8 cidades tiveram essas substâncias verificadas na análise da água distribuída para consumo – Serra, Domingos Martins, Colatina, Baixo Guandu, Águia Branca, Atílio Vivácqua, Guarapari e Marataízes.
Os dados coletados na pesquisa foram resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimentos e enviados para o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.
A notícia causou enorme alarde e apreensão entre as populações dessas cidades. O resultado do levantamento inédito para medir a qualidade da água para consumo, apontou os componentes considerados de alto poder de contaminação identificados na água distribuída. No caso das cidades da região Sul, os resultados apresentados foram os seguintes:
Atílio Vivácqua foram encontradas três substâncias que podem causar risco à saúde: Trihalometanos Total e Antimônio, além do cádmio, que oferece risco de gerar câncer.
No caso de Guaraparí, a substância encontrada na água, que traz o maior risco de gerar câncer foi o chumbo. Também foi verificada a presença do Trihalomentanos total, causa danos à saúde.
A situação de Marataízes, revelada pela pesquisa, mostra duas substâncias presentes na água distribuída para o consumo da população – o rádio-228 e o Nitrito, que oferecem risco de gerar câncer.
A reportagem de O Jornal entrou em contato com as secretarias de saúde dos três municípios para saber quais as providências foram tomadas nesta questão. Até o fechamento desta matéria, apenas o secretário de Saúde de Marataízes, Eraldo Duarte, respondeu os questionamentos.
Ele disse que está a par do resultado do Mapa da Água e que imediatamente solicitou uma reunião para tomar as providências que garantam a qualidade da água. Ele também confirmou que já foi solicitado um relatório para ser entregue no próximo dia 28, durante reunião com o Vigiágua, órgão responsável pelo monitoramento da potabilidade da água de no município. Nesta mesma reunião, que segundo o secretário será feita de forma conjunta entre a Secretaria Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde, será a oportunidade em que o Saae terá para apresentar um relatório sobre a situação de potabilidade da água servida para o consumo da população do município.
Entenda
O tratamento da água distribuída para o consumo da população é extremamente necessário para garantir a saúde, pois impede a propagação de doenças como a cólera, a giardíase, a disenteria e a febre tifoide, que podem ser fatais.
O que sai da sua torneira?
A água tratada pode carregar agrotóxicos e outras substâncias químicas e radioativas que são perigosas para a saúde quando acima dos limites fixados pelo Ministério da Saúde. O mapa revela onde ocorreu esse tipo de contaminação. As informações são de testes feitos pelas empresas de abastecimento que foram enviados ao Sisagua, banco de dados do Ministério da Saúde. Consulte seu município.
O surgimento dessas substâncias, que são subprodutos surgidos da reação das algas ou esgoto, com o cloro ou outro desinfectante aplicado no tratamento da água. Esses subprodutos continuamente na água podem desencadear o surgimento de doenças crônicas, que de forma imperceptível acabam acarretando problemas no fígado, rins e no sistema nervoso, bem como aumentar o risco de desenvolver um tipo de câncer.
As substâncias encontradas com mais frequência nas análises de água feita pelo ‘Mapa da Água’ – Trihalometanos e ácidos haloacéticos – são os que mais aparecem acima do limite. Esses grupos recebem a classificação de “possivelmente cancerígenos” da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Ministério da Saúde também estipula limites considerados seguros para cada um desses subprodutos. O Ministério da Saúde também determina que instituições responsáveis pelo abastecimento de água façam de dois a quatro testes por ano para monitorar a presença dessas substâncias e a sua concentração na água
Da Redação
A gravidade da denúncia requer que autoridades das áreas de saúde-sanitárias, Ministério Público e órgãos de defesa do consumidor entrem para valer no caso. Estão em risco milhares de seres humanos e consumidores, que inconscientemente podem estar se contaminando com as substâncias encontradas.
Há de se perguntar se as empresas de saneamento que prestam o serviço já sabiam destas anomalias. Se já, quais as providências foram tomadas para saná-las?
As informações sobre o levantamento do Mapa da Água, com os números coletados em cada cidade brasileiras, inclusive as oito cidades capixabas que aparecem na pesquisa, podem ser conferidas através do site da agência Repórter Brasil (https://mapadaagua.reporterbrasil.org.br/ )