A paralisação do serviço na manhã desta terça-feira foi um protesto e um aviso: se a prefeitura ou a empresa responsável pela concessão não resolverem os impasses, os ônibus vão parar no sábado, dia 15 de janeiro.
Salários atrasados, 13º parcelado, desmotivação. É assim que cerca de 170 trabalhadores da Expresso Lorenzutti – responsável pela concessão do transporte público municipal – estão vivendo em Guarapari. A paralisação do serviço na manhã desta terça-feira foi um protesto e um aviso: se a prefeitura ou a empresa responsável pela concessão não resolverem os impasses, os ônibus vão parar no sábado, dia 15 de janeiro.
“O Sindicato está apagando o fogo há muito tempo. O transporte público está abandonado. Os trabalhadores estão desgastados. A empresa joga a culpa na prefeitura que por sua vez joga a culpa na empresa. Afinal, de quem é a responsabilidade pelo transporte coletivo municipal?”, ressalta um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Guarapari (Sintrovig), Emerson Ferreira.
Segundo ele, o acordo entre os trabalhadores e a empresa determina o pagamento em parcela única todo dia 10 de cada mês. Os motoristas recebem cerca de R$ 2.400 e os cobradores, R$ 1.200. Além do ticket-alimentação no valor de R$ 750 que deve ser pago todo dia 20. Embora o ticket esteja em dia, eles destacam que o salário ainda não caiu na conta. Por isso, hoje foi decretado estado de greve.
“O problema é que os trabalhadores estão cansados de sempre aceitarem acordos, porque receber em dia é um direito e já abriram mão de muitos outros direitos. Eles aceitaram parcelar o 13º salário, eles estão recebendo 15 dias de salário atrasado de março do ano passado na data dos seus aniversários e agora vivem essa incerteza todo mês de quando vão receber o salário. Só que todos temos contas para pagar”, conta Emerson.
De acordo com ele, o estado de greve será publicado nesta quarta-feira, dia 12 de janeiro. Como se trata de um serviço essencial, a legislação prevê que seja feito um comunicado com 72 horas de antecedência. “É um prazo suficiente para que a empresa ou a prefeitura resolvam esse problema. Caso contrário, os ônibus vão parar no sábado, quando vamos manter apenas 30% da frota operante em circulação conforme manda a lei”, destaca Emerson.
Empresa alega dificuldades financeiras
A Expresso Lorenzutti informou por meio de nota que foi “surpreendida pela manifestação que impediu a circulação da frota em decorrência do atraso do pagamento que venceu no dia 10/01/2022”. Também destacou que “a empresa não comunga com esse tipo de manifestação, visto que a paralisação ocasiona transtorno à operação do serviço e aos usuários do transporte de passageiros bem como causa prejuízo financeiro à empresa”.
A Expresso Lorenzutti informou por meio de nota que foi “surpreendida pela manifestação que impediu a circulação da frota em decorrência do atraso do pagamento que venceu no dia 10/01/2022”.
Porém, não foi mencionada uma data possível de pagamento ou de algum acordo para amenizar os impactos da greve. Mas explicou que a empresa “vem passando por dificuldades financeiras tendo em vista o custo operacional do sistema é superior a receita auferida em decorrência da concorrência ruinosa que vem sofrendo por conta das vans que realizam o transporte clandestino e a falta de reequilíbrio econômico e financeiro do contrato”.
Ainda ressaltou que representantes da empresa e diretores do sindicato se reuniram com o secretário Municipal de Transportes, Luiz Carlos Cardozo, em 20/12/2021, quando a empresa se comprometeu em “não medir esforços para regularizar e entre as medidas está a solicitação ao município através de processo administrativo para realizar a compra/aquisição de créditos de vale transporte, recurso que seria utilizado para pagamento de salários e/ou benefícios”.
Prefeitura cobra para que empresa cumpra com suas obrigações
A Prefeitura de Guarapari, através da Secretaria Municipal de Postura e Trânsito (Septran), informou, por meio de nota, que “a empresa é responsável por suas despesas e salários dos funcionários. O município já realizou outras vezes a antecipação de compra de passagens para ajudar a empresa diante das dificuldades que a mesma alega estar passando”.
A Septran ainda ressaltou que “o município tem feito seu papel, está acompanhando toda a situação para que o trabalhador possa receber seus vencimentos e tem cobrado o cumprimento de todas as obrigações da concessionária. Mas em algumas situações, a mesma está funcionando por medidas judiciais como a adequação de horários que estão abaixo da necessidade dos usuários, mas que operam através de liminar obtida pela empresa”.
Diante disso, não tem como deixar de lembrar que hoje, a tarifa é de R$ 3,80 em Guarapari. Isso para andar apenas dentro dos limites da cidade. Enquanto é possível pagar R$4,20 de segunda a sábado e R$ 3,65 no domingo e andar entre municípios como Guarapari, Vila Velha, Vitória, Serra e Cariacica pelo Sistema Transcol.