Por DiaaDia
Na manhã deste sábado (11), ex-trabalhadores da Santa Casa de Castelo, médicos e moradores do município fizeram uma passeata de protesto pela suspensão do atendimento à população e pela demissão de 170 funcionários.
A manifestação começou em frente ao hospital, onde o Frei Zezinho conduziu um momento de orações, seguido do abraço simbólico ao prédio da instituição, administrada nos últimos 10 anos pela Santa Casa de Cachoeiro. Depois os manifestantes seguiram pelas ruas do centro da cidade.
Uma das participantes da passeata foi Rosa Maria de Souza Amaral, 67 anos, 37 dos quais trabalhando como recepcionista na Santa Casa castelense.
Segundo a ex-funcionária, o lamentável é que todos foram demitidos sem maiores explicações, mesmo que desde o início do ano houvesse o boato de que a Prefeitura de Castelo ia assumir o hospital, sem que ninguém confirmasse a informação.
“Tivemos uma reunião com o prefeito no teatro e ele comunicou isso em novembro. A única alternativa aos que quiserem é ir para a Santa Casa de Cachoeiro, que fez de tudo para continuar administrando”, destaca.
Outro problema que preocupa os trabalhadores demitidos é a falta de pagamentos, tanto do salário de novembro como do 13º e da rescisão.
“O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde teve uma reunião para cobrar por tudo isso, mas a informação é que os administradores da Santa Casa não deram uma previsão, embora nosso representante tenha marcado uma nova conversa para o dia de 17 de dezembro”, esclarece.
A professora aposentada Maria Zilda Stofel Venturim, 59 anos, é outra que participou da passeada e faz críticas severas à forma como o fechamento se deu e de como o contrato de convênio foi quebrado.
“Existe um Conselho de Administração na Santa Casa de Castelo, composto por vários segmentos da comunidade, que sequer foi ouvido. Não teve transição e foi um momento traumático tanto para os demitidos quanto para a população”, enfatiza.
Segundo Maria Zilda o diálogo teria tornado tudo mais fácil e menos triste. “Esse processo deveria ter sido mais ético, transparente e respeitoso. Infelizmente o Poder Executivo está alinhado com os vereadores, à exceção de uns três, e faz o que quer”, lamenta.
Rosa Amaral diz que a sensação é de um vazio enorme, já que os demitidos passaram a maior parte da vida trabalhando na Santa Casa de Castelo, que por enquanto funcionará apenas com o pronto socorro.
“Parece que todo o nosso amor e dedicação todos esses anos não fez a maior diferença, não foram considerados. Os demitidos estão tristes e a população está muito angustiada”, relata.
A ex-funcionária do hospital diz que o que tem ouvido falar é que após a reabertura, todo o atendimento será pelo Sistema Único de Saúde (SUS), já que o convênio com um plano de saúde da região não será renovado.
Quanto ao abraço simbólico na Santa Casa, Rosa faz questão de falar do sentimento desagradável e de perda. “Chorei muito. Foi uma dor e uma tristeza enorme dar aquele abraço. A sensação é de ter sido jogada fora sem direito a nada”, enfatiza.
A professora aposentada Zilda Stofel também fala de sua sensação. ” Os heróis da pandemia foram escurraçados num processo sem nenhuma transparência”, ressaltou.
Chamamento Público
Matéria divulgada no site da Prefeitura de Castelo no dia 30 de novembro diz que o município já fez o chamamento público para que os serviços de saúde não sejam interrompidos após o encerramento das atividades da Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim no Município.
O texto garante que a Prefeitura fará a operacionalização e execução de ações de serviços de saúde na Santa Casa Castelense pelos próximos 90 dias.
Nas palavras do prefeito João Paulo Nali, o momento é de transição para uma nova gestão e o objetivo é qualificar e selecionar a melhor proposta técnica e financeira para fins de assinatura de Contrato de Gestão.
A matéria da Prefeitura assegurava ainda que a Santa Casa de Cachoeiro já havia se manifestado em nota de que não haveria demissões.
No mesmo texto a secretária municipal de Saúde Marcela Nagel Stov diz que a nova medida visa promover melhorias na manutenção da estrutura física e funcional dos serviços no Município.
“Nosso foco com a mudança é melhorar o acolhimento, a humanização do atendimento e a disponibilização dos serviços de saúde”, informou.